tag:blogger.com,1999:blog-29600560817280356332024-03-22T16:40:51.297-03:00Les Bonnes RaisonsUnknownnoreply@blogger.comBlogger238125tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-76288643050882403682024-03-04T12:42:00.002-03:002024-03-04T12:42:31.602-03:00Bala<p> - Acha que devemos nos beijar?<br />
A cena: eu e você sentados no seu sofá às 6h da manhã. Ainda estamos agitados do efeito da bala e minhas costas doem perto da lombar.<br />
Minhas pernas estão em cima das suas e suas mãos se ocupam de uma tijela com frutas que você cortou há cinco minutos atrás. Nossos hálitos cheiram a manga fresca.<br />
- Sim. - você me responde. E ri.<br />
- Também acho que sim. - respondo - Mas espera.<br />
Levanto as duas pernas, subo o tronco, passo a perna esquerda por cima das suas e me sento no seu colo, de frente.<br />
- Quero antes sentir sua respiração e seu pulso.<br />
Antes de terminar a frase, encosto minha mão no seu pescoço e procuro seu pulso com dois dedos. Ao mesmo tempo, aproximo meu rosto do seu, te olho nos olhos, e respiro sua respiração.<br />
Sinto que seu cheiro entra em mim e faz um passeio pelas minhas veias. Enquanto passa pelo fluxo do meu corpo, arrepia meus pelos e me faz prender o ar.<br />
Seu pulso? Tão rápido. Certamente das substâncias ingeridas combinadas com a aceleração do tesão. Me dá gosto te ver tão vulnerável, sedento, quase paralisado.<br />
Finalmente meus lábios encostam nos seus. Fechados. Sinto a textura, a maciez. Mais uma onda de arrepios percorre o meu corpo, minha mão continua no seu pescoço e depois desliza para a sua nuca, puxando seus cabelos.<br />
Descolo nossos lábios rapidamente.<br />
- Se não for bom, aperto meu dedo mindinho e fingimos que nada aconteceu.<br />
- E se for bom? - você perguntou, apoiando as mãos delicadamente nas minhas coxas.<br />
Não respondi. Só sorri.<br />
Me encaixei melhor, encostando mais ainda meu quadril no seu e pude te sentir rígido. Senti muito prazer em saber que, mesmo mal te beijando, tinha uma cápsula transbordante de desejo prestes a explodir.<br />
Te olhei de novo nos olhos, como quem pede permissão, e quando suas pálpebras se espremeram cheguei mais perto pra sentir sua boca mais uma vez.<br />
Acho que entrei num vórtex espaço-tempo quando senti seu gosto. Mistura do seu cheiro, o gosto de manga madura com saliva, seus batimentos empurrando minha mão, seu sexo quente, como as batidas de um techno mântrico que te suga numa espiral.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-37364523134156763592024-02-27T15:02:00.004-03:002024-02-27T15:22:21.189-03:00Un compliment au temps<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgosaJ2e1k7JJSOKbG-82-8X2wtp7r-AIZn0flNUbMpmx9cPZPm0dnjbsEGp3mcRsJ4-BqDeIbi5snkxYu5iIBE9053Cws62uR4g2cm1X9J7AjcAn51phnoLgC-q3fmfqFx9QiUnntTrwbXXmNOUcFk30FHAwIIKq9_J7ttu4HWFvQstb5GhkFLDB31DZU/s1350/tumblr_otxlh8dWRX1qinh1vo1_1280.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1350" data-original-width="1080" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgosaJ2e1k7JJSOKbG-82-8X2wtp7r-AIZn0flNUbMpmx9cPZPm0dnjbsEGp3mcRsJ4-BqDeIbi5snkxYu5iIBE9053Cws62uR4g2cm1X9J7AjcAn51phnoLgC-q3fmfqFx9QiUnntTrwbXXmNOUcFk30FHAwIIKq9_J7ttu4HWFvQstb5GhkFLDB31DZU/w512-h640/tumblr_otxlh8dWRX1qinh1vo1_1280.jpg" width="512" /></a></div><p></p><p>Este é um agradecimento ao tempo.<br />
Ao tempo que me faz cada vez mais sábia, que me ensina sobre mim mesma.<br />
Hoje, 1 ano, sete meses depois, descobri que vivi numa tensão horrível entre 2020 e 2023. Só hoje.<br />
E só o tempo pôde me ensinar isso.<br />
Indiscutivelmente sou mais feliz, mais livre, mais leve. Sou a melhor versão de mim mesma.<br />
Conectando, rompendo laços, não me sujeitando ao que não quero. Me aperfeiçoando nas minhas falhas, corrigindo meus comportamentos.<br />
Agradando menos, me permitindo mais. Escutando meu coração, preservando meus amores.<br />
Mal posso esperar para encontrar a Beatriz de 40, de 50, de 60. Caminho para ser minha própria mestra.<br />
Ao meu lado, carrego todos que me permeiam, que me nutrem. E carrego meu amor próprio, cada vez mais cristalizado, adornado.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-41390741403043923112024-01-29T13:56:00.003-03:002024-01-29T13:56:40.468-03:00Un hommage à l'amour<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOuWi4qwwuSfEoEMG6C5VL7wbWE00kO3CHOcJGYdFazZ_Bh6D3SKomgGPxdhGTYd90CTiBfCGbA5RhWRXo7b3M2r598WgOf5xKczWW4SyikOHXVg4aO4lVzBrwPJVxJbUVfsbx5RVSgMQZaNXta3la6KX8D6-UjAoJpGmeG5s77TY0EQ1oildEuU9Yn6U/s640/tumblr_nzi6klIhSF1uuv1iuo1_640.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="640" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOuWi4qwwuSfEoEMG6C5VL7wbWE00kO3CHOcJGYdFazZ_Bh6D3SKomgGPxdhGTYd90CTiBfCGbA5RhWRXo7b3M2r598WgOf5xKczWW4SyikOHXVg4aO4lVzBrwPJVxJbUVfsbx5RVSgMQZaNXta3la6KX8D6-UjAoJpGmeG5s77TY0EQ1oildEuU9Yn6U/w400-h400/tumblr_nzi6klIhSF1uuv1iuo1_640.jpg" width="400" /></a></div><br /><p></p><p>Eu queria saber explicar o amor.<br />Dissecá-lo em pedacinhos e analisar suas fórmulas e caminhos. Queria poder entendê-lo na sua profundidade, estudá-lo dia a dia e, depois de anos isolada numa cabana, surgir com as diretrizes que guiam minha forma de amar.<br />Mas, felizmente, o amor é um mistério sem fim, como um oceano. E pode ser sentido de tantas formas, com tantas pessoas e em tantos momentos que faz com que as variáveis sejam infinitas e absolutamente absortas.<br />O único jeito de desbravá-lo é vivendo sem ressalvas, sem medo, sem hesitações. É permitir que o sentimento possa florescer no peito, que ele amadureça lentamente para que, na hora certa, possa ser mordido e ofereça a doçura que o tempo lhe concedeu.<br />Que sorte a minha a de confiar no amor. Sorte de me permitir morrer e nascer pelo e para o amor. Acho que é o descontrole do amor que o faz viciante e me dá mais vontade de experimentar tudo o que ele pode oferecer. Por isso penso em formar uma família; imagina a explosão de amor que deve acontecer entre você e um pequeno ser que depende de você, que está acoplado na sua existência durante uma vida inteira. E, sobre os outros tipos de amor, o amor romântico, o fraternal, o amigável, que delícia viver cada um deles de uma forma diferente, porque todas as pessoas são únicas e, logo, todas as combinações também!<br />Me sinto grata de ter permitido que o amor entrasse na minha vida, mesmo enquanto estava no processo de desamor. Durante um tempo significativo acreditei que o amor era mau, que ele nos punia, que depositávamos mais do que poderíamos nele enquanto inocentes e que, quando menos esperávamos, o ceticismo da vida nos derrubava e nos tornava acinzentados.<br />Felizmente estava enganada. O amor é a melhor coisa que existe em estar vivo. Se conectar com os outros, confiar, errar, construir, desconstruir, acolher o embate, abraçar a rejeição, sentir a dor e o acalento de peito aberto.<br />E o que dizer sobre o cuidado? A estrela guia do amor. Foi só depois de me arrastar pelas sombras do abandono que descobri que existe uma infinidade de demonstrações de amor, e que o cuidado se traveste de Hermes para entregar a tradução do sentimento.<br />Ao descobrir que entrego o que quero receber, descubro também que o meu cuidado é minha maior forma de amar e de receber amor. Durante o tempo que pude cuidar de mim mesma percebi as coisas que me faziam envolvida e acalentada, e encontrar quem fizesse o mesmo por mim me deu um duplo sentimento de afago. Só a morte pôde me proporcionar a experiência de me sentir igual nos cuidados, na linguagem do amor, demandando menos esforço e menos energia do que antes. Descobri que o amor, quando compatível, é fácil desde o princípio. Descobri que a constrição, o trauma, o medo e a desconfiança não podem existir nem em micro partículas esporádicas. Descobri um novo amor.<br />Como boa sherlocka holmes que sou, fui investigando, vivendo intensamente, experimentando todos os formatos, confiando no processo, levando a leveza do meu ser para todos os relacionamentos que pude experimentar. Me sinto feliz por ter acreditado no amor, por ter vivido intensamente cada uma dessas experiências, por ter aprendido tanto com todos os meus parceiros e parceiras do passado e do presente e por comprovar que, cada vez mais, sei o tipo de amor que me merece.<br />Aprender a amar é igual aprender qualquer outra coisa: exige dedicação, tempo, trabalho, observação, repetição, testagem e comprovação. Eu acho que é muito difícil já acertar de primeira e definitivamente é uma matéria que não podemos ser autodidatas - dependemos de outras pessoas para aprender.<br />Agora, já doutoranda do amor, percebo que toda a minha trajetória me fez chegar mais perto de onde nem sabia que almejava! Só agora que encontrei a atual combinação é que percebi que queria coisas, tantas coisas, que nem sabia que queria. É como comer quando não se sabe que tem fome, mas depois da primeira garfada sente-se uma satisfação imensa! <br />Estava faminta e nem sabia. Hoje sei que mato a minha fome. <br />Um salve ao amor. À todos os amores. Ao caminho pavimentado de delícias, desencantos e conhecimento que só ele pode proporcionar.<br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-64983584231303386972024-01-02T14:00:00.001-03:002024-01-02T14:03:07.398-03:00l'obsession<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVb17-X_QsBGOmFF6wOnQHpodPYrVWDdffwalZKx6MZvan7P4P3aVJ47KD56hF9vrctSUlEqHdcCnJRZTZLjz1H23ZtVbeqguevRANlzBihbz-INVKI5Ok9oSCOTfSk-NE2esxSTdihk0R4xj9HJwrvX666tz7L925V397KKAW8hUL3m7Qn0MquhSVJmY/s1280/tumblr_c7259fa442b31cbf73348688587ebaa7_97f96a99_1280.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="1280" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVb17-X_QsBGOmFF6wOnQHpodPYrVWDdffwalZKx6MZvan7P4P3aVJ47KD56hF9vrctSUlEqHdcCnJRZTZLjz1H23ZtVbeqguevRANlzBihbz-INVKI5Ok9oSCOTfSk-NE2esxSTdihk0R4xj9HJwrvX666tz7L925V397KKAW8hUL3m7Qn0MquhSVJmY/w400-h400/tumblr_c7259fa442b31cbf73348688587ebaa7_97f96a99_1280.jpg" width="400" /></a></div><br /><p></p><p>Tem um perfil de pessoas (no caso o meu), que fica obcecado pelas coisas.<br />A obsessão pode ser muito incrível quando te leva pra uma nova profissão, quando te faz se mudar de país, quando faz você aprender uma nova língua ou desenvolver uma nova habilidade, mas ela tem um grande ônus que é te cegar.<br />Na mesma medida que você precisa ignorar tudo ao redor para focar num objetivo e alcançá-lo, às vezes também esse hiper foco te faz não perceber detalhes importantes e coisas que deveriam ter sido levadas em consideração. Mas, bem, esse é o preço a pagar.<br />Sou obcecada em me relacionar, também. Nitidamente. Talvez isso tenha a ver com o fato de que sempre achamos que o tempo melhora as coisas, que as coisas se acertam, que, assim como nossos pais e avós, o amor consegue se perpetuar de forma silenciosa e lenta.<br />Ledo engano. Observar de fora relacionamentos não nos dá a menor ideia de como é se relacionar quando se está dentro de um. Muitas das crenças provavelmente foram 50% observação e os outros 50% imaginação, simples assim.<br />Ah! A imaginação! Que nos fez sobreviver como espécie, mas também nos coloca nas piores armadilhas. E, pior de tudo: feitas por e para nós mesmos.<br />A minha obsessão me levou a confiar no resultado sem levar muito em consideração o processo. Ou pelo menos eu achava que estava olhando o processo, mas talvez não estivesse olhando de forma racional, e sim baseada nas observações e imaginações que existiam dentro do meu coração juvenil. É engraçado ter um "objetivo", quando se fala de relacionamentos, porque é exatamente o caminho que importa, o processo. Ficar pensando no futuro não faz nenhum sentido.<br />Repito:<br />Ficar pensando no futuro do relacionamento não faz nenhum sentido.<br />Relações e relacionamentos precisam ser gostosos <i>agora</i>. Sempre. E se algum problema acontecer que ele não perdure no coração por tanto tempo. E mesmo que o problema exista, ele não pode ocupar o espaço de toda a relação, tem que ser uma pontinha num todo muito agradável.<br />Às vezes se apegar ao "dar certo", como eu pensava, é só viver numa eterna espera de algo incrível que vem no fim do arco-íris, quando na verdade, no relacionamento, toda a graça está no agora. Já tem tanta coisa nessa vida que a gente tem que projetar! A aposentadoria, a velhice dos pais, a doença, o planejamento dos filhos... por que também incluir mais uma projeção no relacionamento?<br />Essa é uma nota mental para mim mesma: se relacionar só é bom se está bom <i>agora</i>.<br />Não aceite menos ♡ e não aceite uma vida de perturbações e sofrimentos</p><p>E aproveitando o gancho: se 2023 foi o ano da morte e do renascer, 2024 é o ano de botar lenha na fogueira e fazer esse trem não parar de andar! Que os ventos soprem fortes e constantes rumo às batidas do meu coração. <br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-44542745115219642812023-11-15T09:25:00.004-03:002023-11-15T09:25:41.813-03:00Adaptabilité<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhyphenhyphenUQJZaa5IFU3O2ylgTJq03k_Fq_XADEFYAmGY2aZl1IvF6oWHgEkkBEAYXv8ifa4qSQYB8oGbfztDB_TmFR6hXnJfK9cCKSngwh_TC3A09-HiGedzz_t01EEddONGkzsz6fvz68wNskKWjNmTot0pt4x6T9NDPGGFS4o23U_5UxNMvK97qXfdgRrZMY/s598/tumblr_lxarm6WRv11qa9shoo1_500.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="598" data-original-width="500" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhyphenhyphenUQJZaa5IFU3O2ylgTJq03k_Fq_XADEFYAmGY2aZl1IvF6oWHgEkkBEAYXv8ifa4qSQYB8oGbfztDB_TmFR6hXnJfK9cCKSngwh_TC3A09-HiGedzz_t01EEddONGkzsz6fvz68wNskKWjNmTot0pt4x6T9NDPGGFS4o23U_5UxNMvK97qXfdgRrZMY/w335-h400/tumblr_lxarm6WRv11qa9shoo1_500.png" width="335" /></a></div><p></p><p>A maior qualidade de ser humano é a inteligência.<br />A segunda maior qualidade é a adaptabilidade.<br /><br />Isso explica porquê alguns seres humanos conseguem viver em cenários tão extremos, de frio, guerra, ou falta de recursos básicos, enquanto outros precisam de uma estrutura tão específica para dormir, tomando melatonina.<br />Tudo incomoda na proporção que nos é entregue. E tudo nos é irrelevante na mesma proporção.<br />Quando mudamos de cenário, de personagens, de roupa, as proporções também mudam. E o maior alterador de proporções que existe é o tempo.<br />Tão maravilhoso, tão generoso. Porque, na verdade, tempo e adaptação correm juntos e permitem que as coisas mais banais se tornem monstruosas, e que as mais horríveis se tornem belas.<br />Se, há um ano atrás, disesse pra mim mesma que estaria feliz, genuinamente feliz e realizada, me sentindo uma das personagens de Sex and the City (do nada!!) eu nunca acreditaria. Nunca acreditaria que tantos rompimentos me fariam encontrar uma pessoa tão maravilhosa, tão alegre!<br />Essa pessoa surgiu de repente, eu confesso. Ela veio como uma avalanche, não pediu licença. Abriu as janelas, mesmo com a brisa fria, tirou as cobertas da cama, arrumou as estantes e lavou tudo o que já estava encrostado. Essa pessoa sou eu?? Mas, eu nunca a tinha conhecido!<br />Meu maior encontro em 2023 foi comigo mesma, com meus desejos, meu tempo, minha vontade avassaladora de enfrentar meus medos e me jogar no mundo sem olhar para trás. A diferença da Beatriz do passado é que ela pensava mais do que deveria no futuro, e essa que encontrei agora, a que me dá banho e leva pra andar de bicicleta, ela vive tão intensamente o presente que não há espaço para o passado ou para o futuro.<br />Ela constrói laços, estuda, se movimenta, trabalha duro!, chega tarde em casa e toma banho, nutre o corpo e está conectada com seu desejo de uma forma abundante, serena e potente.<br />Ela se arrisca no desconhecido, respeita seus próprios limites, demonstra competência e carinho, bebe mais do que devia (às vezes) e menos do que podia (muitas vezes). Essa pessoa, que chegou assim, tão repentinamente na minha vida, tem me enchido de alegria.<br />Isso me faz pensar que a vida vale a pena. Que morremos para permitirmos que outra pessoa nasça no lugar. Eu morria de medo da pessoa ser amarga, triste, embrutecida, mas aparentemente ela chegou com a brisa fresca do outono, mais otimista do que antes, mas também com tanta sabedoria que não cabia na Beatriz no passado. Ela vem cheia de força, vontade de fazer acontecer, mas com a calma da experiência e do entendimento em si mesma, porque ela se conhece tanto que agora ninguém consegue fazê-la se confundir.<br />O grande sonho dela é aproveitar cada pedacinho, cada canto de todas as conquistas que ela teve até agora. Se deleitar nas formas, sentidos, espaços e trocas que acontecem. É tempo de descoberta, é tempo para o novo, que já tem sido tão bom! A certeza de que tomei as melhores escolhas, que fui coerente com o meu coração e com os meus valores, que consegui tantas coisas inimagináveis e tudo isso sendo amada amada amada, pelos que estão à minha volta e, principalmente, por mim mesma.<br />Acho que nunca me amei tanto. Nunca soube tão bem quem sou.<br />E que bom que a dor me ensinou todas essas coisas lindas, que bom que me abriu portas para conhecer essa pessoa que tem me acompanhado na alegria de viver. Ser humano é complexo, mas tão lindo. Quero acolher todos os sentimentos, renascer quantas vezes forem necessárias para encontrar essas fantásticas pessoas que existem dentro de mim!<br />O amor está aí. Está em mim. Em cada cantinho, em cada momento. Obrigada, vida.<br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-16598057347369369702023-10-19T08:18:00.002-03:002023-10-19T08:18:47.391-03:00Le coeur brisé<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaI9-OdQMQ8YxyjTMJYEM-D-0IXSZzpPLtqp2EX31I9jSjjfgmgZatTF_OUIbjigyDqbFhWlqzBL3neppXsGsX3px8kXcMZ8ci0l3WUbkmY6Lee_hDMefnpCK3vgYSUEd5l97PnmFE1QYZIuiDUwLMFcq7i0LBs8DdjaWeGHJGtKfgNLr3Nc3uUHVdKqI/s700/tumblr_lu4oah9deA1qzpksio1_500.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="700" data-original-width="452" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaI9-OdQMQ8YxyjTMJYEM-D-0IXSZzpPLtqp2EX31I9jSjjfgmgZatTF_OUIbjigyDqbFhWlqzBL3neppXsGsX3px8kXcMZ8ci0l3WUbkmY6Lee_hDMefnpCK3vgYSUEd5l97PnmFE1QYZIuiDUwLMFcq7i0LBs8DdjaWeGHJGtKfgNLr3Nc3uUHVdKqI/w259-h400/tumblr_lu4oah9deA1qzpksio1_500.jpg" width="259" /></a></div><p></p><p>Como o amor pode florescer de um coração partido?<br />Fico me perguntando se cresce pelas ranhuras, ou se abraça as feridas como uma trepadeira. Talvez germine pela parte mais superficial e tenha mais raízes do que caule, remendando os cortes.<br />Acho que o processo de cura das feridas depende de inúmeros fatores, mas tenho certeza, também, que um novo amor tem a receita do adubo certo pra agilizar a cicatrização.<br />Ainda mais o amor do cuidado, da atenção ativa, da clareza com sensibilidade e senso de humor.<br />O amor dos beijos, mas também do espaço, o amor da construção, com toques do inesperado e do não planejado.<br />Uma matemática estranhamente combinada, um formato que nunca tinha visto antes. É estranho como um porto pode ser identificado tão descarada e rapidamente, enquanto esse poço de segurança e tranquilidade.<br />É bom sentir esse útero. E, me parece, que é a primeira vez que o estou sentindo. Um acalento profundo e envolvente. Tanto em comum que chega a dar desconfiança: será mesmo que isso é possível?</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-18487240845410990562023-10-03T22:15:00.005-03:002023-10-06T14:11:28.230-03:00L' océan<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijyumE0bsvx9E2P-ABlBR_wuoFeguFvBRHPhQ_52yhE9vDpxb_kr9SGIMBuMQPwWDC7ar7cuQBDxdMmKFsMmAsGLRBStc8BLhvKKJ9t2Us19y-FXoULOpn9TOz5AZSXTKwpEtlYSj1CONXkYsd_3RBINTxMSEVtdXu9hxaGjV3vFalJ1hG8EkBEcFYGQs/s640/tumblr_lzm9bggrHX1qf1gz5o1_640.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="424" data-original-width="640" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijyumE0bsvx9E2P-ABlBR_wuoFeguFvBRHPhQ_52yhE9vDpxb_kr9SGIMBuMQPwWDC7ar7cuQBDxdMmKFsMmAsGLRBStc8BLhvKKJ9t2Us19y-FXoULOpn9TOz5AZSXTKwpEtlYSj1CONXkYsd_3RBINTxMSEVtdXu9hxaGjV3vFalJ1hG8EkBEcFYGQs/w400-h265/tumblr_lzm9bggrHX1qf1gz5o1_640.jpg" width="400" /></a></div><p></p><p>O amor é um oceano.<br />Com tantos mistérios e profundezas, mas com uma costa esplêndida, que encanta e perturba.<br />Guarda segredos infinitos, é impossível descobrir todos os seus cantos, todas as suas belezas e todos os seus horrores. São inúmeros, infindáveis, alguns ainda nunca vistos antes.<br />Tem suas ressacas terríveis, que invadem a terra firme, e tem suas marés baixas que se afastam tão lentamente que às vezes nem percebemos.<br />Tem quilômetros a serem navegados, mas a pressão subaquática pode comprimir os pulmões e deixar sem ar quem se arrisca a ir muito fundo. Mas também é só quando corre-se o risco que se veem todos os segredos que às vezes nunca foram vistos.<br />Hoje, pela primeira vez, o mar abrandou. Não fui tocada pelos horrores das tempestades catastróficas e senti o marasmo e o cheiro de sal que carregam as memórias.<br />Hoje, só hoje, os milhares de caminhos que podem ser navegados me levaram à doçura do amor.<br />Navegante, ou náufraga, talvez nunca consiga dizer. Talvez dependa da perspectiva de quem vê. O único trunfo é saber que há mares, milhares deles (ou será um só, do tamanho e da força de um titã?) que se encarregam de levar tanto aos lugares mais familiares quanto às profundezas do desconhecido.<br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-21827835001152845372023-09-18T08:09:00.005-03:002023-09-18T08:09:55.503-03:00Nous<p> </p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcNjM27Si3ZJGkdTZGAEVKdvyO3SOk7lDLLcIELizGRkVpbitp8qedbwyoGN2cncaiCVjPiicS6Q3rejeyCHqAlyV-XzrodMIdfMHj26HJXsqEU6qITNjHwEjopuJkSkD-rXGYOKXnsI4aL3ZM-zby-mEiPHVSDWWvj1DMCHkDcnw5UCn8fqtqgL9Bfak/s555/tumblr_f3eb9b8fcb612483fe7a69f2bbe6b90b_14016183_540.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="555" data-original-width="511" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcNjM27Si3ZJGkdTZGAEVKdvyO3SOk7lDLLcIELizGRkVpbitp8qedbwyoGN2cncaiCVjPiicS6Q3rejeyCHqAlyV-XzrodMIdfMHj26HJXsqEU6qITNjHwEjopuJkSkD-rXGYOKXnsI4aL3ZM-zby-mEiPHVSDWWvj1DMCHkDcnw5UCn8fqtqgL9Bfak/w369-h400/tumblr_f3eb9b8fcb612483fe7a69f2bbe6b90b_14016183_540.jpg" width="369" /></a></div><p></p><p>Eu nunca sei se penso em você ou se penso em nós dois. Que você está na minha cabeça diariamente é fato, mas não consigo distinguir se a saudade que sinto é de você ou de nós dois juntos. É tão estranho.</p>
<p>As músicas que eu ouço viajando são as músicas que ouvíamos juntos. O jeito que escolhíamos um restaurante pra jantar. O jeito que eu ficava nervosa com a sua direção ou os assuntos do carro. Nosso amor sempre foi muito viajeiro e pegar a estrada de outra forma me parece quase alienígena.</p>
<p>Acho que sinto saudade do quanto era feliz. Do quanto me sentia em paz e em casa. Você era a minha casa. Agora não sei mais dizer o que ela é, ou mesmo onde ela está.</p>
<p>Tudo me lembra a nós dois. Todos os dias. Não tem um único dia que eu não pense em nós.</p>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-64400626963737183072023-04-24T22:54:00.004-03:002023-04-24T22:55:35.803-03:00Le pleur<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="375" src="https://www.youtube.com/embed/WM4n5v6W0y8" width="452" youtube-src-id="WM4n5v6W0y8"></iframe></div><br /> <p></p><p>Sou profissional do sofrimento,<br />professor do sentimento<br />do amor fui artesão.<br /><br />Mestre do viver já fui chamado,<br />conselheiro do reinado<br />cujo rei é o coração,<br />Mestre do viver já fui chamado<br />conselheiro do reinado<br />cujo rei é o coração.<br /><br />Quebrei do peito a corrente<br />que me prendia à tristeza,<br />dei nela um nó de serpente,<br />ela ficou sem defesa<br />mas não fiquei mais contente,<br />nem ela menos acesa.<br /><br />Tristeza que prende a gente<br />dói tanto quanto a que é presa,<br />abre meu peito por dentro,<br />o amor entrou como um raio,<br />saí correndo do centro<br />dentro do vento de maio,<br />dentro do vento de maio.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-74227752575571217402023-03-28T14:03:00.000-03:002023-03-29T14:04:29.273-03:00Débordant<p> </p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUEMNrbXKTtkoNx9KKU5yHWNBmvwCliJCqKWpOrqlT91epycVkRVbXtI3P3_d9A6Bibr0z6fk3ECV7A9AaZ3g6HA46WDQWkrW3XFP1GVtXSmjAca2vYP7LoGwn4KFzAm3o1fyQPTXrQQ5KkPtjdsmKj0s1Ll0ifQzhxbwb5ktuoOg1s-QdLt9m5B5X/s1000/tumblr_m9pzjcjzXc1rwh8c8o1_1280.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="651" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUEMNrbXKTtkoNx9KKU5yHWNBmvwCliJCqKWpOrqlT91epycVkRVbXtI3P3_d9A6Bibr0z6fk3ECV7A9AaZ3g6HA46WDQWkrW3XFP1GVtXSmjAca2vYP7LoGwn4KFzAm3o1fyQPTXrQQ5KkPtjdsmKj0s1Ll0ifQzhxbwb5ktuoOg1s-QdLt9m5B5X/w260-h400/tumblr_m9pzjcjzXc1rwh8c8o1_1280.jpg" width="260" /></a></div><br /><p></p><p>pulsa a pele nua</p><p>micro explosões sem tato, a buceta lateja sem espaço, se espandindo no tesão do corpo que sente tanto</p><p>quanto tempo esperei que dedos escorregassem meus braços e agora sinto plena as notas do sopro interno</p><p>me espero nos lençóis, me laço com cordas invisíveis puxadas manualmente</p><p>gozo com o vento escasso do calor tropical sudestino, me acabo nos beijos demorados aos meus dedos esguios</p><p>me desfaço do outro - tenho tudo em mim e sinto meu ventre arder por estar abraçada em mim mesma</p><p>sou o semi-toque, a semi-escrava e a semi-deusa reutilizando essa casca humana. passeando pelas memórias e inglórias de prazer mudo, mas contente em ser despido</p><p>abro os lábios para tocar meus próprios sabores e me perfumo com o cheiro do corpo exposto</p><p>tenho mais em mim do que qualquer um pode alcançar. sou vespa ágil, barulhenta e dolorosa que pousa em outros corpos sem perguntar</p><p>sinto os quadris redundantes e as costas macias de me permitir lânguida espreguiçar nas cobertas que me tocam mais intimamente do que jamais fui tocada</p><p>sou o tesão que transborda em mim - todo meu e para mim<br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-82176048252890171042022-11-10T22:23:00.002-03:002022-11-10T22:23:54.513-03:00David de Michel-Ange<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDHhYeYpekeriGh2xWU-7giYOUG33MWRSq_bIgT2U-m8CFHFfWa-xgztY5Q_3vgi07QU1dpn8ElcqP75nBPbF9EZwpAGawAVV8yZRwKFr9e3QXo7XYUp-1x2gfkUZxi89jzDBTkrQ-vRyWiT9dkvMIVOeeW-lUZrDgKnI6rnSYXv6-1_bgHVqZhVh7/s970/tumblr_nw83279e7j1qmp5efo1_1280.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="727" data-original-width="970" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDHhYeYpekeriGh2xWU-7giYOUG33MWRSq_bIgT2U-m8CFHFfWa-xgztY5Q_3vgi07QU1dpn8ElcqP75nBPbF9EZwpAGawAVV8yZRwKFr9e3QXo7XYUp-1x2gfkUZxi89jzDBTkrQ-vRyWiT9dkvMIVOeeW-lUZrDgKnI6rnSYXv6-1_bgHVqZhVh7/w400-h300/tumblr_nw83279e7j1qmp5efo1_1280.jpg" width="400" /></a></div><p></p><p>Que coisa estranha o amor,<br />É um sopro quente que envolve o rosto, faz iluminar o sentir, dá cor pro viver e sentido pras coisas mais banais. O amor irrita e embrulha, queima e congela, remexe todos os órgãos, faz a vida pulsar tão vibrante que não cabe no peito.<br />O amor também acalenta, sossega, põe pra dormir. O amor é loucura e afago.<br />É possível ser tão vibrante e tão acolhedor durante tanto tempo? É possível ser essa máquina de produzir sentimentos initerruptamente, provocando os nervos e atiçando os bulbos capilares?<br />Esse amor é o que acontece nos livros, nas novelas, nos filmes, nas séries ou existe um amor que realmente pode envolver tudo isso? A forma que olhamos o amor molda ele? De que amor estamos falando?<br />Pra mim não parece ter fórmula mais concreta do que essa: a insanidade e a calma de gostar de alguém tão profundamente quanto gostar de si. Ou muito próximo do gostar de si.<br />E nas milhares de aventuras que podem ser vividas nos seus tortuosos caminhos, não será a separação também mais uma das grandes aventuras, dos grandes sentimentos colossais que podem ser vividos nesse mar de emoções? A única questão é que, na separação, não há acalento, só a tristeza e a felicidade intensa de ser só, dona de si, mas só.<br />A solidão também acalenta quando vem como alívio, mas não quando vem imposta pela limitação da fronteira do amor. A solidão que faz perder de vista os tijolos que estavam sendo postos um em cima do outro, numa matemática estranhamente infalível - ou pior, fadada à falha.<br />"Tudo vai cair um dia" - você me disse - "Todas as árvores, todos prédios, o Davi de Michelangelo também vai cair um dia". A missão de tudo é voltar para o chão, se misturar ao solo, apodrecer e germinar, num eterno ciclo sem fim.<br />Talvez a construção que o amor faz também esteja fadada a cair como o Davi de Michelangelo. Não porque é instável, mas porque seu destino final é esse: cair, se quebrar, e seus pedaços serem usados para outra construção, e outra, e outra, até o fim dos tempos.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-2348594642567971822022-09-03T16:33:00.004-03:002022-09-03T16:34:24.919-03:00Patience<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjr4LzuX5qkkPoU6cHdY2296MjtncKmG1GwndEuPw7VNNdRVzOHcVcljR1twrrDSrD0r7bs1OBb2GPxiHaPVqRykXe3M1pO6ljbQqPFMfMN4h99u0w9OHSiN6iFcqplNkuY40klRsuKGf5If0IbGXcky6G60ppkaRRs4D_Vt5g-8YynjXrGKh8afQ4P/s640/tumblr_oh4vg48JZO1vo1xoxo1_640.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="592" data-original-width="640" height="370" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjr4LzuX5qkkPoU6cHdY2296MjtncKmG1GwndEuPw7VNNdRVzOHcVcljR1twrrDSrD0r7bs1OBb2GPxiHaPVqRykXe3M1pO6ljbQqPFMfMN4h99u0w9OHSiN6iFcqplNkuY40klRsuKGf5If0IbGXcky6G60ppkaRRs4D_Vt5g-8YynjXrGKh8afQ4P/w400-h370/tumblr_oh4vg48JZO1vo1xoxo1_640.jpg" width="400" /></a></div> Eu fico impressionada com a sua paciência.<br />Não sei quanto tempo você ficou pensando em me escrever, mas eu confesso que fiquei surpresa. Não sei se mexeu com você me ver depois de tantos anos, ainda mais na festa temática em que estávamos.<br />E mais uma vez, não sei como, dou conta de saber das preferências sexuais de uma pessoa que não vejo há muito tempo. Fico me perguntando se isso ainda vai acontecer muitas vezes comigo.<br /><p></p><p></p><p>Você é tão paciente e tão atento que me dá até calafrios. Tem alguma coisa de calculista no seu jeito e eu acho isso muito sensual. Eu nunca olhei pra você com esse olhar, mas definitivamente a coisa que mais me tira do sério é quando alguém me olha como você me olhava. Eu gosto dessa sensação hipnotizante em que o tesão sobe até a garganta e embrulha o estômago. Gosto quando você não trocou meia dúzia de palavras com a pessoa, mas está lá imaginando todas as situações possíveis onde você pode se ajoelhar aos pés dela e lambê-la até a boca secar só por uma única razão: tesão.<br />Eu acho essa forma de tesão a mais desconsertante porque é só um monte de ferormônio fritando a sua cabeça e mandando estímulos sem sentido pras extremidades do seu corpo: as mãos e os pés suam frio, a boca saliva, os olhos piscam rapidamente, os batimentos sobem e orquestram o latejamento dos genitais.<br />Você me olhava assim. Genuíno tesão. Suor nas mãos. Eu nunca senti elas, mas eu tenho certeza que elas escorregariam na minha pele.<br />Corta para oito anos depois. Não sei porque você me encontrou na internet, mas aconteceu. E sei menos ainda como foi possível saber que você gosta de brincar de dominação e submissão, mas aconteceu, então a indiferença deu espaço a um mar de fantasias que me ocupam eventualmente nas tardes quentes pós almoço na minha cama.<br />Eu imagino um possível encontro nosso de muitas formas, mas vou tentar reunir aqui alguns dos detalhes que me tiram a concentração do trabalho e me fazem cãibras no estômago.<br />"Onde é a sua casa?"<br />Eu te pergunto isso do absoluto nada. Só quero mesmo saber seu endereço.<br />"No centro, por que?"<br />"Posso passar aí mais tarde?"<br />Silêncio. Imagino você lendo essa mensagem e seus batimentos acelerando. Imagino você sem entender nada porque não houve nenhuma preparação além do vórtex imaginativo nas nossas cabeças, individualmente. É engraçado pensar que você já se masturbou muitas vezes pensando em alguém e esse alguém já se masturbou muitas vezes pensando em você, mas nada além de todo o tempo gasto em pensar putaria aconteceu de fato, então é estranho alguém só escrever tão diretamente assim. Mas eu fiz.<br />"Claro, que horas?"<br />Você claramente desistiu de perguntar o porquê porque, bem, é meio óbvio que eu quero transar. Mas como eu disse no início, você é muito atento e pergunta:<br />"Você quer beber alguma coisa?"<br />"Hmmm, eu posso levar alguma coisa, mas não precisa se preocupar muito com isso"<br />O perigo de sexo mais álcool é que tira a sensação de controle. Mas, também, começar totalmente sóbrio é uma tarefa difícil até para os mais autoconfiantes. Acho que talvez só os profissionais consigam administrar bem esse sentimento - e, mesmo assim, depois de muita prática.<br />Sinto uma explosão no ventre. Uma quentura que sobe pelo tronco e termina na altura dos pulmões.<br />São três da tarde e combinamos às oito. Tenho dificuldade em esperar o tempo passar, mas finalmente chega a hora em que ponho uma calça jeans, uma blusa qualquer e me jogo num táxi pra sua casa levando uma garrafa de vinho branco.<br />Toco a campainha, você abre em 5, 4, 3, 2, 1... o seu olhar é impagável. Parece que viu um fantasma. Você está morrendo por dentro.<br />Eu imagino que seja uma mistura de adrelina, tesão, medo e vergonha. Que ideia, né? Por que estamos aqui?<br />Tento manter a calma e sorrio longamente. Levanto a garrafa de vinho e faço menção de um abraço. Você retribui e pela primeira vez em todos esses anos nos tocamos. Eu sinto seu cheiro sutilmente, ainda embaçado pelo cheiro de sabonete.<br />Eu pensei em passar perfume, mas não passei. Eu gosto quando meu cheiro fica marcado e geralmente ele gruda nas coisas.<br />Solto o abraço e olho no entorno, a casa está arrumada, tem jazz tocando ao fundo. Bingo.<br />Falamos amenidades enroladas pela ansiedade. Você mora num apartamento pequeno, mas bem organizado. Eu me debruço na bancada da cozinha enquanto você pega as taças pra servir o vinho. Nos encaminhamos pro sofá. Tem uma poltrona na frente, mas prefiro sentar do seu lado e me virar pra te olhar.<br />Depois de algum tempo falando de qualquer coisa (na verdade, eu não estava muito atenta), te pergunto:<br />"Tá, mas vem cá... o que você quer que eu faça com você hoje?"<br />Pausa.<br />"Acho que o que você quiser"<br />"Não, tá... Mas o que você pensou? Teve alguma imagem que martelou na sua cabeça? Porque, eu não te contei isso antes, mas eu gosto mais de dominar do que ser dominada."<br />"U-hum.." - você engole em seco. Talvez eu devesse ir um pouco mais devagar porque a sua timidez força um tempo mais lento, mas quanto mais tímido e sem graça mais eu tenho vontade de te deixar desconfortável com esse assunto.<br />"Mas eu não gosto de porrada... tipo, spanking, não é a minha praia. Eu gosto mais de humilhação, mais psicológico" - continuo. - "Você acha que podemos tentar?"<br />"Sim" - você diz esse sim num murmúrio baixo. Eu prefiro pensar que o tesão está te encapacitando de falar.<br />"Se ajoelha" - digo.<br />Você afasta a mesinha de centro e se ajoelha na minha frente devagar. Nos olhamos. Eu abro as pernas pra você conseguir chegar mais perto e você entende o movimento, se aproximando.<br />"Me beija" - digo isso me aproximando o suficiente pra que você consiga me alcançar. Tocamos os lábios pela primeira vez. Eu amo esses primeiros beijos em posições nada convencionais.<br />Depois que descolamos as bocas eu peço pra você me cheirar. Tiro o cabelo do pescoço e ofereço ele. Você agora põe as duas mãos nas minhas coxas e enfia o rosto no meu pescoço, enchendo o pulmão. Eu oriento sua cabeça pra me cheirar desde a nuca até entre os meus peitos, esticando o decote da blusa. <br />Voltamos a nos beijar e as suas mãos agora passeiam por vários lugares. Eu seguro a base da sua cabeça e o seu pescoço, acompanhando o movimento. Minha buceta lateja. Tiro a sandália do meu pé direito e subo ele na sua coxa até encontrar seu pau por cima da calça.<br />"Senta aqui" - e você se levanta do chão e volta pro sofá. Eu subo em cima de você e agora estou mais alta. Tiro a blusa e deixo você beijar meus peitos. Seguro sua cabeça persistentemente e a troco eventualmente de um mamilo pro outro, enquanto você segura meus peitos com força. Impossível não movimentar o quadril em cima de você enquanto sinto seu pau ficando duro. Dá vontade de botar ele pra fora, mas a única coisa que ele vai fazer a noite inteira é latejar dentro da sua calça. Você só não sabe disso ainda. <br />Depois de alguns minutos eu pego a sua mão e levo ela pra dentro da minha calça. Aproveito para desabotoá-la enquanto você abre meu zíper e começa a me masturbar. Nesse momento já estou tão louca pra ser penetrada que empurro seus dedos pra dentro de mim. Não funciona durante muito tempo, então fico em pé para tirar a calça. Quando faço isso você faz menção de tirar a sua.<br />"Não" - digo.<br />Você larga o botão da calça.<br />Termino de tirar a minha calça e volto pra cima de você, agora só de calcinha. Você continua vestido e nós continuamos a nos beijar enquanto eu levo de novo sua mão pra minha buceta e você volta a colocar os dedos em mim.<br />Saber que você não vai me penetrar me dá um grande tesão, mesmo eu querendo muito.<br />"Preciso te chupar" - você me diz.<br />Me sento de volta no sofá e você se ajoelha novamente. Eu escorrego o corpo pra ficar mais perto da sua boca e você começa a me chupar enquanto põe os dedos. Eu seguro a sua cabeça e volto a roçar meu pé no seu pau.<br />Você faz menção de abrir a calça de novo e eu afasto sua cabeça da minha buceta e te bato no rosto.<br />"Por favor" - você me pede.<br />"Não" - respondo.<br />Você treme de tesão e continua me chupando. Chego perto de gozar algumas vezes, mas é sempre mais difícil na primeira vez com alguém. Depois de algum tempo peço pra você se sentar de novo no sofá e sento em cima de você.<br />Não poder nem tocar no seu pau faz você suar frio, você me olha cansado, embrulhado, com tesão contido pronto pra implodir. Nessa hora penso - só penso - em deixar você se tocar, mas prefiro só fazer alguns movimentos com a minha mão por cima da sua calça. Seu quadril mexe agonizantemente, você respira rápido enquanto nos beijamos. De novo eu pego sua mão e encaixo seus dedos. Me masturbo com uma mão e entrego um dos meus peitos na sua boca enquanto rebolo em cima de você.<br />Gozo.<br />Gozo.<br />Gemo baixinho contraindo o tronco em cima de você, chego perto do seu ouvido, respiro profundamente.<br />Gozo.<br />E alguns tremeliques, também. Abro um sorriso largo. Beijo seu rosto longamente, te olho, te beijo de novo.<br />Seu pau ainda pulsa dentro da calça. Você me olha com uma cara confusa. Satisfeito e desolado. Incrédulo e descontrolado.<br />"Você não vai me deixar gozar, né?" - perguntou.<br />"Não" - respondi - "E tem mais... eu quero que todas as vezes que você se masturbar pensando em mim você me mande uma foto da sua mão. Só da mão, sem nude, eu só quero mesmo é saber quando você se tocou pensando em hoje"<br />Saio de cima de você e nos deitamos lado a lado, abraçados. Você me beija longa e demoradamente, com tesão, com a respiração densa e forte. Te beijo feliz.<br />Ficamos um tempo assim, meio sonolentos, mas depois decidimos ver um filme juntos. Fiquei impressionada com o quanto você se comportou e se conteve, porque não fez menção de querer gozar mais.<br />Mas, como eu disse, você é muito paciente.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-42505604036528182642022-08-01T23:23:00.003-03:002022-08-01T23:25:46.544-03:00apathie<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8wTeATA2ZgP7peHwNHPLFWJ4v1uroG7BdbgxTX4aa015LZm7g3jOm7h7dE3kZrDfS9AnT1H8NpHvN8uMOxhS0-yj8FMLhbaSJ6feYS4dEAvoAPUwL2mw9fcKaTPoi75tkpy2VxrXYxIUq4YPTbkw57vTVlAK0wT0A060T_xL1tD2rlrOl02NAiyHu/s1871/tumblr_ba83a1d6a3ee5ba3a9c2b9122e52488e_2538b4eb_1280.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1871" data-original-width="1280" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8wTeATA2ZgP7peHwNHPLFWJ4v1uroG7BdbgxTX4aa015LZm7g3jOm7h7dE3kZrDfS9AnT1H8NpHvN8uMOxhS0-yj8FMLhbaSJ6feYS4dEAvoAPUwL2mw9fcKaTPoi75tkpy2VxrXYxIUq4YPTbkw57vTVlAK0wT0A060T_xL1tD2rlrOl02NAiyHu/w274-h400/tumblr_ba83a1d6a3ee5ba3a9c2b9122e52488e_2538b4eb_1280.jpg" width="274" /></a></div><p></p><p>Eu só consigo escrever em tema escuro. Ainda mais porque estou sem óculos.<br />Segunda-feira, onze horas e sete minutos. Estou com sono. já.<br />As últimas semanas foram de loucura intensa. A vida está cheia de acontecimentos. Conto alguns interessantes: propostas de trabalho no exterior, aprendizados relevantes e significativos no trabalho atual, novas amigas e saídas agradáveis com estranhas do whatsapp, um ménage que saiu pela culatra e remexeu toda a base romântica da minha vida, um câncer parcialmente tratado, uma morte.<br />São tantas coisas e tantas delas tão absurdas e fantásticas... e ainda assim de uma forma estranha me sinto anestesiada da vida. Me sinto experimentando apenas a casca grossa que é o corpo humano.<br />Senti dor essas últimas semanas, com as questões do coração, mas antes disso eu só sentia tédio. E uma pitada de arrogância.<br />Tenho sentido uns prazeres da carne, tipo andar de bicicleta, fazer depilação a laser, fazer sexo e comer chocolate. Mas são prazeres com início, meio e fim bastante delimitados. Vivi uma nova história romântica que não me fez sentir frio na barriga. As amizades não me dizem muito, também. Acho tudo tão chato.<br />Fico me perguntando se isso é um fruto da pandemia.<br />É certo que nas últimas três semanas senti dores intensas dentro do meu coração, mas até na dor de uma possível separação havia uma sombra de apatia. Talvez doesse mais porque eu não conseguia sentir tanto.<br />Difícil ainda formular isso tudo, mas estou tentando.<br />Estou tão absorta nos prazeres da carne que acho que esqueci como é sentir o frenesi. Os últimos dois anos e alguns meses eu só senti um ímpeto robótico de fazer o que deveria ser feito. E depois senti dor. E o prazer era sempre um prazer tão pontual que não sei mais se sei o que é sentir prazer. Prazeeeeer, eu digo. Não o prazer de comer chocolate.<br />Parece que a vida não tem mais graça.<br />Eu faço apenas porque preciso fazer e porque sei que queria alguma coisa, há alguns anos atrás. Corro atrás dessa ideia dessa pessoa que eu era antes, mas não sei quem eu serei quando conquistar isso. Nem sei se quero isso mais.<br />Enfim, veremos.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-50379267118279790092022-01-09T11:30:00.010-03:002023-03-29T14:14:37.430-03:00Baco Exu do Blues por Nina Simone<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivSvQX4xHVtVZWxk0sw5Uc4vsgy4G0nFX5oBOJTFPEi_bj5yTaj_-jKYk0zzCU4ZdZiyrfvH9QJm2ftDkxohtEfze7wN9jHFGJtdm48FYFfd3WD917mCprtKUl7x_lVGJNtBKpBzLBVJcjBX9Nbmdvy0zvl-ssRT8RJDapAf14lQoKfms5vOPP5Htb/s700/tumblr_lym5n12The1qb8rsoo1_500.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="700" data-original-width="469" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivSvQX4xHVtVZWxk0sw5Uc4vsgy4G0nFX5oBOJTFPEi_bj5yTaj_-jKYk0zzCU4ZdZiyrfvH9QJm2ftDkxohtEfze7wN9jHFGJtdm48FYFfd3WD917mCprtKUl7x_lVGJNtBKpBzLBVJcjBX9Nbmdvy0zvl-ssRT8RJDapAf14lQoKfms5vOPP5Htb/w268-h400/tumblr_lym5n12The1qb8rsoo1_500.jpg" width="268" /></a></div><p> </p><p>Acabei de trocar Baco Exu do Blues por Nine Simone. Hoje eu preciso 1. corrigir artigo para publicação, 2. preparar aulas de terça-feira, 3. fazer compras, 4. cozinhar alguma coisa pra semana</p><p>Já pensei centenas de vezes em sair de casa pra ir ao supermercado, mas simplesmente não consigo. Fico ansiosa com o fato de ter que sair na rua. O que eu sinto é que estou definhando, porque ao mesmo tempo que me sinto presa nesse apartamento também não sinto coragem pra sair.</p><p>Sinto vontade de chorar quando penso nisso... que não consigo ter forças nem pra ir no mercado.</p><p>Eu pensei que depois do recesso (delicioso) que tive, um pouco desse mal estar ia passar, mas assim que pisei em casa parece que fui inundada pelo mesmo mal estar novamente. É, estranhamente, exatamente o mesmo mal estar e isso me dá vontade de chorar.</p><p><br /></p><p>[15:30]</p><p>Consegui ir no mercado (e cheguei chorando em casa) e demorei bastante, mas consegui editar uma parte do meu artigo.<br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-2407565985957925032022-01-08T20:19:00.004-03:002022-01-08T20:19:33.400-03:00Sortir<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjbOug-oQ2sylkds3ZbJjb63uT_0R7RFyHGpqUQBqceIaq_24AfGaAocRgPDPci6ePKUCT96U9K_kcq7z1rKKjmME3Ot0Z5TdoiVP-2WqL6HVkFIeHqJ0YMA6Y3mAmpN0Z3WvEhB2iBZJY_mU9-ZLxiO5nwA-h391PoxP4IpfAxbMAPZyYlvE3Px3Cg=s800" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="609" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjbOug-oQ2sylkds3ZbJjb63uT_0R7RFyHGpqUQBqceIaq_24AfGaAocRgPDPci6ePKUCT96U9K_kcq7z1rKKjmME3Ot0Z5TdoiVP-2WqL6HVkFIeHqJ0YMA6Y3mAmpN0Z3WvEhB2iBZJY_mU9-ZLxiO5nwA-h391PoxP4IpfAxbMAPZyYlvE3Px3Cg=w305-h400" width="305" /></a></div><p>Hoje eu acordei com o coração meio acelerado. Chove bastante, mas faz calor nos últimos dias.</p><p>Sinto uma euforia engraçada dentro do peito. </p><p>[...]</p><p>A meta desse ano é uma e só uma: ir embora daqui. É a única coisa que quero, que peço loucamente diariamente. Quero ir embora. Quero ir embora. Quero ir embora.</p><p>Prometi pra mim mesma que vou trabalhar e estudar incansavelmente até conseguir. Vou fazer tudo o que posso. De alguma forma eu vou sair.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-24150862519320935102021-11-07T21:15:00.002-03:002021-11-07T21:15:43.928-03:00La nouvelle normalité<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigTFHmIlujc_Aj-qh1Q9R4g768LjdJKrLKPXr0nvW4CJG8F4_C8FqMLuMo0u4VblFvRjzcwSgXW4sEcR8hF1xWdBfkW3sEBP3HGpRBmnuKayE6IhXfqj3LSXJXfZrh4jkk0iCTTbMFyZQ/s901/tumblr_om9mgxEqbN1sovzrpo1_1280.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="901" data-original-width="700" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigTFHmIlujc_Aj-qh1Q9R4g768LjdJKrLKPXr0nvW4CJG8F4_C8FqMLuMo0u4VblFvRjzcwSgXW4sEcR8hF1xWdBfkW3sEBP3HGpRBmnuKayE6IhXfqj3LSXJXfZrh4jkk0iCTTbMFyZQ/w311-h400/tumblr_om9mgxEqbN1sovzrpo1_1280.jpg" width="311" /></a></div><div><br /></div>Fico me perguntando se vou me lembrar de verdade de tudo o que aconteceu nos anos de pandemia e nos processos que rolaram durante esse período.<div>Tanta coisa aconteceu que já não sei se me reconheço bem. De todas as coisas narradas aqui percebo que já sou tão outra, ou tantas outras, que o momento de retorno ao "novo normal" parece um abismo profundo, povoado de névoas e fragmentos abstratos.</div><div>Me pego num ápice estranho da vida adulta: as contas já não são mais novidade e não assustam tanto, os afazeres domésticos são empurrados até que possam ser feitos no limiar do tolerável, a comida está bem feita e me sinto saudável por dentro, a rotina é macia e delicada, previsível e acolhedora, com pequenos toques abrasivos que circundam o marasmo.</div><div>Nos últimos dois finais de semana senti genuíno tédio. O tédio que me carrega diretamente para os meus oito ou nove anos de idade nas tardes quentes em um apartamento em Copacabana. A televisão ligada, a água com gelo, o suor na testa. Tédio, nada além disso.</div><div>É estranho viver esse tédio sendo uma adulta. Está tudo bem. Não sobra nada, mas também não falta, exatamente como quando eu era criança. Há pequenos anseios cotidianos, mas nada especial que me tire o sono, como é o sono de uma criança. Meia noite eu durmo coçando os olhos e bocejando longamente e acordo como um reloginho às oito horas, como no dia a dia de criança.</div><div>De uma forma cômica acessei essa infantilidade boba nos últimos meses. Depois de muita dor e sofrimento que a pandemia, o desemprego, a falta de perspectiva e o medo do morte provocaram agora finalmente sinto o marasmo da segurança, da estabilidade, da possibilidade de perspectiva e da coisa mais preciosa: a presença de espírito. Viver um dia de cada vez.</div><div>Essa frase me foi repetida incansáveis vezes pela minha terapeuta e que raiva me subia até a garganta, embrulhada num nó contido em choro seco. Passei todos os 14 primeiros meses em aflição apocalíptica, transtorno obsessivo compulsivo em trabalho e estudo e tomada de uma vontade de mastigar incessante que me fez ganhar os quilinhos que estou perdendo nesse momento. E agora... No momento de baixa de casos, reabertura, flexibilização do uso de máscaras... me sinto, finalmente, presente.</div><div>Presente como me cobrava me sentir. Dá bastante raiva disso, na verdade.</div><div>E diante de toda essa presença agora me vejo no único conflito que ainda me resta: sair ou não sair? Há apenas uma coisa em jogo: trabalho e estabilidade financeira. Porque, testando positivo para a doença, adeus contas pagas no final do ano!</div><div>A equação é bem simples de ser resolvida e é claro que a estabilidade para uma transtornada obsessiva e compulsiva com trabalho, estudo e finanças ganha a batalha no ringue da tranquilidade da vida adulta. Mas... e como será que está o mundo lá fora?</div><div>Me pergunto o que tem acontecido e, a princípio, consigo ter alguma ideia pelos <i>stories</i> das redes sociais (que acredito que em um ano estará levemente ou praticamente falecida): carnaval fora de época. Saliva, suor, música e fricções carnais. Uma vontade imensa de me acabar em abraços de desconhecidos no calor distópico do centro da cidade em época de chuva e vento. Me embrulho nessa vontade louca de viver... 2019. Lá onde viajei para um casamento em terras longínquas e me enrolei em caninanas nos telhados sem forro. Onde dancei <i>kuduru</i> e falei <i>lingala</i>, escrevi cem páginas de etnografia enrolada e dancei banhada em suor tropical.</div><div>O que me espera agora? Em um mês faço aniversário e não sei o que fazer com o resto de juventude que me pertence. Os números ainda me parecem reguladores de horizontes que me fazem querer viver mais tudo, mas com toda a nova carga de adultísse que agora parece quase normal e quase aceitável na possível saída de uma situação pandêmica mundial.</div><div>Aguardo os próximos capítulos, mas hoje posso dizer que estou bem. Aguardando a máquina do tempo que me levará para 2019, mas em paz com corpo e espírito e toda a parte material que, sabemos, garante dignidade e, por que não?, alguma presença de espírito.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-16219766418272083892021-10-27T09:12:00.001-03:002021-10-27T09:12:04.688-03:00Carta pra você, Ale<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgP0MZEVaxYPry3GeS1VIdXLJt9rnmHjtcbhq0oktkkM3D_8qAQnLR_OInLz7mxvUbjliY7dPdhDAOlyqQf4uraxrK2qTdWnhuE7gL_GF-l3YHx1s3lQTcvMXaNMBTusJ-rtRO0taU8Q40/s600/tumblr_ny8thqVNyu1qinh1vo1_640.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="600" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgP0MZEVaxYPry3GeS1VIdXLJt9rnmHjtcbhq0oktkkM3D_8qAQnLR_OInLz7mxvUbjliY7dPdhDAOlyqQf4uraxrK2qTdWnhuE7gL_GF-l3YHx1s3lQTcvMXaNMBTusJ-rtRO0taU8Q40/s320/tumblr_ny8thqVNyu1qinh1vo1_640.jpg" width="320" /></a></div><p><br /></p><p>Oi Ale,</p><p>Hoje eu sonhei com você depois de muito tempo sem que você entrasse nos meus sonhos. Quando a gente se encontrava você estava bem triste porque tinha terminado um relacionamento. Você estava com uns amigos, também (e eles eram bem humorados e tentavam te botar pra cima), mas você só queria e precisava desabafar.</p><p>A gente andava junto por uma cidade à noite. Entramos em um lugar que parecia um desses labirintos de mentirinha. Você me falava dos seus sentimentos e eu praticamente só ouvia.</p><p>Você foi meu primeiro amor romântico. Eu não sei se você sabe disso e também não sei se vou conseguir voltar a falar com você. Não sei onde você está, não sei seu cheiro, não me lembro nem bem o tom da sua voz. Eu só sei que existe um pedaço enorme de você no meu coração.</p><p>Todas as cartinhas que eu mandei, livro, os pedacinhos de cabelo. Não sei o que foi tudo aquilo, não tenho rastro nenhum de nada do que escrevi ou te falei. A única memória que eu tenho é revisitar meus sentimentos e pensar no quanto conversávamos e nos gostávamos.</p><p>Queria poder te escrever mais uma vez e por isso deixo público isso aqui. Se você ler, por favor, me escreve. Quero te ligar, quero saber da sua vida, quero poder matar a saudade.</p><p>Com amor e todo o carinho. Espero que você esteja bem onde estiver,</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-35689107322979009222021-09-06T22:44:00.001-03:002021-09-06T22:44:28.073-03:00Entre la peur et la plénitude<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwoxNnbsSl1dVUq-qW19kqY8B8fPLeoce4_Ikd1vn0kvzEU3IZtFG870rMWUNcGPjkRsoDZSoGs2XwHUg0bh5dBEff255J6r2EEduyAf9bPvhZLgYBKFkFx8qaqGMRCwja2pFeEJKIi1Y/s1225/headmoon.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1225" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwoxNnbsSl1dVUq-qW19kqY8B8fPLeoce4_Ikd1vn0kvzEU3IZtFG870rMWUNcGPjkRsoDZSoGs2XwHUg0bh5dBEff255J6r2EEduyAf9bPvhZLgYBKFkFx8qaqGMRCwja2pFeEJKIi1Y/w391-h400/headmoon.png" width="391" /></a></div><br /><p>Um balanço tênue e irremediável circundam o pavor e a plenitude.</p><p>É estranho saber que ser humano é fazer parte de uma catástrofe anunciada. Viver dias de gozo e dias de tristeza alternados parecem fazer parte da existência.</p><p>Senti hoje um aperto ao ir no supermercado, ao ler as notícias, ao saber que 40% dos brasileiros vivem em situação de risco alimentar.</p><p>Me sinto feliz com as coisas que conquistei, mas tão desesperada e triste pelo o que nos tornamos. Pelo o que colhemos enquanto humanidade desde o início dos tempos.</p><p>Me sinto afundada no meu próprio ser e na minha própria glória, comemorando meus esforços pequeninos no meio de um incêndio. Não tenho mais vontade de andar pela cidade ou de fazer as coisas do dia a dia. Parece que me acomodei na concha pequena e dura do isolamento e do fim em mim mesma.</p><p>Sou um grãozinho de areia num universo de dor.</p><p>Afinal, sou gente.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-68901036536839231472021-08-18T20:47:00.004-03:002021-08-18T20:47:26.377-03:00La peau<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgku6DG-BjTXG2kvAFJ-u-VoCwbMBgwPA_Yor-I3fXd1fzUUM_Mkom6AjdscinZ2SqppxlAifZXfwadvVPgPb0MxOMmmBmFYwbdRobGGBa2oLzJKQU2PM79T1jIJlSx-XcRbxoFqnYQuCs/s662/audrey-bdsm.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="662" data-original-width="500" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgku6DG-BjTXG2kvAFJ-u-VoCwbMBgwPA_Yor-I3fXd1fzUUM_Mkom6AjdscinZ2SqppxlAifZXfwadvVPgPb0MxOMmmBmFYwbdRobGGBa2oLzJKQU2PM79T1jIJlSx-XcRbxoFqnYQuCs/w303-h400/audrey-bdsm.jpg" width="303" /></a></div><br /><p>Efervescente a pele que arrepia sem motivos. Um embrulho que começa no ventre e sobe até a garganta.</p><p>Tantas vontades fora de questão, lapsos de instinto impulsivos. A boca enche de água, os dedos se mexem rápido.</p><p>Os quadris balançam demoradamente na costura da calça. As pernas bambeiam sem pudor.</p><p>Tem dias que é difícil ser humano e controlar as vontades brutas.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-91373848298246304762021-07-14T12:47:00.003-03:002021-07-14T12:47:30.286-03:00L'éternelle envie de pleurer<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhN152dT7IlWcIeJ5iTtECApELPvD9XHcRCJbPVbgba5tJcaHPLjLvyNxQ5NA4l3sRli_T6wUoE8V1TNl0tTMRU5f6xou2zBHY2NHi5d3ojsVFYQ_5sj6dUtY3gprx3UxgcYGFm_mBsWR0/s849/julho-2021.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="849" data-original-width="600" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhN152dT7IlWcIeJ5iTtECApELPvD9XHcRCJbPVbgba5tJcaHPLjLvyNxQ5NA4l3sRli_T6wUoE8V1TNl0tTMRU5f6xou2zBHY2NHi5d3ojsVFYQ_5sj6dUtY3gprx3UxgcYGFm_mBsWR0/w283-h400/julho-2021.png" width="283" /></a></div><p>Nada dá conta da imensidão que tem sido meu coração.</p><p>De um jeito muito estranho eu sinto vontade de chorar. As coisas batem fundo no meu estômago e se transformam num emaranhado de sentimentos afogados.</p><p>Afogados porque não conseguem chegar à superfície para gritarem palavras chave. Para me darem pistas. O que eu guardo dentro do peito é tão múltiplo quanto o nervosismo vasto do desconhecido. O que eu guardo são fragmentos de mim, são desejos inconstantes. É a falta de entendimento, de julgamento, de propósito e de horizonte.</p><p>Eu vivo. Só vivo.</p><p>Faço as mesmas coisas de todos os dias: eu acordo, eu como, me hidrato, me exercito, beijo meu amor. Eu respiro fundo, eu trabalho, eu tiro os óculos pra olhar pras árvores e descansar a vista. Não há nada mais que isso.</p><p>E, ainda assim, eu sinto uma vontade constante e persistente de um choro escasso. Me inundo de um existencialismo sem sentido. Cheguei até aqui com tantas ressalvas, com tanto medo, com tanta insegurança. E percebi que sou aquela pessoa que conquista tudo, que consegue tudo o que se propõe a fazer. Dei tantas lágrimas nos processos que decorreram nos últimos meses e agora me preencho de uma secura grande. Me pergunto por quê diabos estou aqui. Me pergunto o que faz sentido numa vida que construo a passos de formiguinha. Sou uma formiga operária. Faço, faço, faço. Construo, construo, construo. O que acontece depois? É isso só um instinto irremediável e eterno? Por que caminho?</p><p>Amanhã começo o primeiro dia de trabalho na empresa dos meus sonhos. Fiz muito e muito pouco até aqui. Não sei porque estou aqui. Não sei o que esperar disso.</p><p>A Beatriz de antes da pandemia estava tão obcecada por uma ideia e caiu de uma altura tão assustadoramente alta que chorou, chorou, chorou. Gastou toda a água. Agora, a Beatriz do presente, só caminha. Não sei pra onde. Não sei porquê.</p><p>Ser uma jovem no meio de uma pandemia mundial é um processo de muito tapa na cara e corda na boca. É um processo de calar e seguir. Viver isolada e sem horizonte é abissal, mas também só viver pelos propósitos faz tanto sentido assim?</p><p>Sou essa formiguinha. Pequena e forte. Incansável. Atenta e frágil. Sem planos, sem horizontes, sem conseguir torcer o pescoço e olhar pro céu. Sou secura nos olhos, sou as rachaduras nos meus dentes, sou um animal docilizado e uma mente borbulhante. Mente essa que trabalha no agora e para o agora. Mente que desenvolve tantas inteligências, elabora tantas teorias, descreve perfeitamente tantos processos, mas que ressente a falta do choro e que convive com a eterna vontade de chorar.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-9594613588733187232021-06-27T22:50:00.001-03:002021-06-29T23:21:57.894-03:00La deuxième pire année<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgJQ1zAQhxPkTjHT8jNMCJNVTr7v0jtxkrcCC7HL1hC0T-7Q2qGFveIhUtHXF-KHoo5EjFD5OEewlkzLGiXjvHKty_5791WRQeUWU_Tb4TKAKQBAJsWc4x8SYO-Dv7USxZznPlNO1NyeI/s1259/tumblr_junho.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1259" data-original-width="1000" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgJQ1zAQhxPkTjHT8jNMCJNVTr7v0jtxkrcCC7HL1hC0T-7Q2qGFveIhUtHXF-KHoo5EjFD5OEewlkzLGiXjvHKty_5791WRQeUWU_Tb4TKAKQBAJsWc4x8SYO-Dv7USxZznPlNO1NyeI/w318-h400/tumblr_junho.jpg" width="318" /></a></div><p>Hoje é dia 27 de junho de 2021. Dia 453 desde o início da pandemia. Eu e Antonio estamos vivendo nesse mundo apocalíptico há 1 ano e 3 meses e, bom, muitas coisas aconteceram.</p><p>Hoje é um dia importante porque entreguei a última coisa necessária pra encerrar meu primeiro ano de doutorado: meu projeto de pesquisa. Daqui a uma semana, mais ou menos, faço a última apresentação e assim encerro esse ciclo. Hoje eu tive uma crise de choro logo depois de enviar o documento. Minha vista está cansada e meus olhos doem. Meu coração está apertado e sinto o bruxismo querendo atacar novamente.</p><p>Este certamente foi um dos anos mais difíceis da minha vida. Especialmente entre junho de 2020 e junho de 2021. Tudo o que eu vivi nesse período contribuiu para crises de ansiedade, expectativas e frustrações. Posso passar rapidamente por tópicos: 1. pandemia; 2. mudar de casa; 3. começar a dar aulas online; 4. passar num doutorado no exterior; 5. processos burocráticos para tirar o visto; 6. empacotar coisas e fazer mudança do kitnet; 7. casar; 8. sair do Sana pós-natal e queimar os dedos com cera quente na casa dos avós do Antonio; 9. ano novo em família no Peito do Pombo tendo que escrever dois artigos (sendo um o meu primeiro em inglês); 10. carnaval no Rio porque a casa do Sana estava cheia; 11. necessidade de diminuir o ritmo e vista cansada; 12. fim do doutorado.</p><p>Ufa! Escrever assim me faz pensar que realmente foi muita coisa em 1 ano. Como você pode imaginar, estou exausta, morta, acabada e falecida.</p><p>Mas, como tudo nessa vida carrega lições, venho tentar ajudar você a ter fresco as coisas que tenho aprendido nesse processo. Espero, do mundo do coração, que você nunca mais passa por isso.</p><p>Dicas:</p><p>1. Tenha as suas coisas. Mesmo que seja pouco. Mesmo que você tenha que trabalhar muito para ter. Tenha. Serão suas, não dependa dos outros.</p><p>2. Nunca mais trabalhe gratuitamente e, principalmente, nunca mais pague para trabalhar. Pesquisa científica é trabalho. Nunca se esqueça disso. Você é uma excelente cientista e merece ser paga para pesquisar.</p><p>3. Tempo livre é essencial. Pare de trabalhar aos fins de semana. Tire férias a cada 6 meses. Fique horas olhando para o teto. No longo prazo você verá as consequências de não ter tido tempo livre.</p><p>4. Valorize qualquer trabalho que você fizer. Mesmo se amanhã você for garçonete. Você sabe 3 línguas, fez mestrado e doutorado, publicou artigos, sabe programar, dirigir e cozinhar. Muitas pessoas investiram em você e é hora de você investir em você, também.</p><p>5. Se cerque de pessoas que você ama genuinamente. Faça favores e seja gentil gratuitamente. A pior coisa que existe é ser cínica ou se sentir devedora de algo. Não seja falsa, procure situações em que você seja verdadeiramente você e que você agrade as pessoas por prazer, não por obrigação.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-49151089231647795642021-06-06T21:39:00.002-03:002021-06-06T21:39:48.913-03:00Lettre au futur<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM_bGaXF-6xTcYrj4yVs644dpyPEEVwigjtbGesgHHORHwnU3Xy7bWmJAzTh0bqGfBqMU6xNQZ_02P9gRC50jKG8XUbffGHXNzry55PH3VXBc7guOm28FPPWXtgcPPP2WK9V8HsUvQSb4/s564/post-junho.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="458" data-original-width="564" height="325" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM_bGaXF-6xTcYrj4yVs644dpyPEEVwigjtbGesgHHORHwnU3Xy7bWmJAzTh0bqGfBqMU6xNQZ_02P9gRC50jKG8XUbffGHXNzry55PH3VXBc7guOm28FPPWXtgcPPP2WK9V8HsUvQSb4/w400-h325/post-junho.jpg" width="400" /></a></div><p></p><p>Se um dia você estiver lendo isso, muito tempo depois dessa loucura que foi os anos de 2020 e 2021 no Brasil por causa do Coronavírus, saiba que você é uma pessoa bem forte e resiliente!</p><p>Nesses anos você começou bicos, sustentou a casa, estudou loucamente, fez o primeiro ano de doutorado da forma mais louca e entregue possível. Você tem sido muito forte, vou te falar... eu sei disso porque estou exausta.</p><p>Você sempre disse que queria ir para outra cidade e fazer milhares de coisas porque sentia que ainda tinha muito sangue no olho. A diferença é que você se imaginava numa cidade tipo Berlin, vivendo mil aventuras, mas você continua vivendo essas aventuras porque elas estão dentro da sua cabeça.</p><p>Você é um vulcão, mulher. Sua mente borbulha, você não para porque não consegue dar conta da curiosidade que tem dentro de você. Nunca deixe ninguém te dizer que você não é capaz porque você sabe que é, você passou por essa pandemia tanto quanto eu.</p><p>Nesse momento meus olhos estão ardendo de ficar na frente do computador, mesmo que tendo ficado dez dias sem pegar em nada pra escrever - nenhum artigo que fosse. Tudo bem que trabalhei e estou simplesmente exausta de ficar na frente da tela, mas estava há quinze minutos atrás vendo cursos e códigos e sonhando com a carreira que quero pra mim.</p><p>Eu espero que você tenha chegado lá. E se você não tiver chegado, tenho certeza que alcançou outra coisa muito foda, também.</p><p>Saiba que você aproveitou bem a sua juventude. Você é uma pessoa que não tem medo de desafios, das adversidades, que estudar loucamente e continuamente. Você consegue chegar aonde quiser.</p><p>Depois me fala como está a vida, tá? Eu fico muito curiosa pra saber... se todo esse esforço que estou fazendo valeu a pena em algum momento. Tenho certeza que sim, mas me conta melhor, tá?</p><p>Se cuida.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-48957782807778519382021-03-11T20:29:00.002-03:002021-03-12T09:52:07.222-03:00Dormir au soleil<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifCDdVAII3qWQTOK3KMntGU5rW2R9xMUGCZjwqrORk6Gcho3RHzfn5TWw0rUfq2dmRKAXneGIGE4wWhibxQy5sKl9WOulfZfs7UwYzrvXg8FktPBYFofIbAuaoOOy1NwPuJ7-2J69-Bjc/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="374" data-original-width="499" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifCDdVAII3qWQTOK3KMntGU5rW2R9xMUGCZjwqrORk6Gcho3RHzfn5TWw0rUfq2dmRKAXneGIGE4wWhibxQy5sKl9WOulfZfs7UwYzrvXg8FktPBYFofIbAuaoOOy1NwPuJ7-2J69-Bjc/" width="320" /></a></div><br /><p></p><p>Eu já tinha chegado perto de um desmaio há muitos anos atrás, numa aula de pole dance. Foi muito esquisito porque comecei a ver umas manchas pretas e imediatamente meu professor me sentou e ofereceu água. Mal sabia eu que esse quadro iria se repetir.</p><p>Hoje foi um dia quente, mas aqui na serra tem chovido todos os dias à tarde. Hoje não seria muito diferente. Acordei sete e meia, assisti aula de métodos quantitativos, bateu fome e tomei café da manhã antes mesmo da aula terminar (uma das maravilhas que o home office pode proporcionar é desligar a câmera para comer tranquilamente). Deu preguiça, mas sugeri pro Antonio de caminharmos antes que a chuva chegasse e depois de uma hora de preguiça resolvemos sair.</p><p>O dia estava muito bonito e logo o sol se mostrou bem valente. Cumprimentamos Carlindo na varanda e fomos rumo à nossa suadeira do dia. Um belo dia!</p><p>Subimos o morro do Boa Sorte com várias ladeiras íngremes e algumas flores nos cabelos. Daí resolvemos comprar um mel e fomos até a ponte, mas estava em falta. Puxa! Começamos a voltar para casa.</p><p>Tenho uma grande técnica para os dias de sol rascante: corro no sol e ando na sombra, o que significa um aproveitamento dos momentos fresquinhos e uma ligeireza nos momentos queimantes. Ensinei minha técnica para Antonio, que não parece ter curtido muito.</p><p>Há 200 metros da nossa estimada casa, dei uma corridinha numa subida árida e parei numa sombra. Aguardei os lentos passos de Antonio, mas percebi que algo estava errado.. Eu já estava me sentindo cansada, mas tinha algo estranho acontecendo.</p><p>Comecei a ver borrões pretos, assim como os que vi anos atrás. Logo depois dos borrões algo muito mais estranho aconteceu: todas as coisas que eram iluminadas pelo sol (árvores, chão, pedras, folhas) começaram a se tornar uma grande massa de luz, sem distinção. Quando isso aconteceu um desespero bateu. Antonio já tinha chegado e eu disse: "não estou me sentindo bem". Com os olhos fixos... dormi.</p><p>Sabe aquela caída no sono quando você está no ônibus? Ou quando está lendo na cama? Aquele momento que você pisca os olhos, sonha durante 5 segundos e depois acorda? Esse foi o sentimento e me senti leve como uma pluma! Acordei com os gritos desesperados do Antonio me chamando.</p><p>"Bia, bia, bia!!!"</p><p>Voltei. Pareceu aqueles efeitos especiais de cinema que o personagem sai da sua própria cabeça e depois volta com um efeito sonoro de sopro de fumaça ao contrário. "Preciso beber água".</p><p>Andamos um pouco e logo estávamos em uma pousada. Parei no portão enquanto o Antonio foi pedir ajuda a uma pessoa que trabalhava no lugar. A essa altura comecei a sentir meus ouvidos entupidos e pensei que poderiam ter sangue. Toquei para verificar, mas não havia nada. Me apoiei e pensei: "Agora tá tudo bem".<br /></p><p>Ledo engano.</p><p>Os borrões voltaram e só tive tempo de gritar "Estou passando mal de novo".</p><p>Consegui andar até debaixo da marquise. Sentei num banco. Olhei para frente e vi dois chalés, grama, árvores, o céu. De novo, toda a luz começou a estourar e parei de discernir entre as coisas. Comecei a ver o clarão. Estava já cega quando ouvi que a água tinha chegado e consegui estender a mão. Tomei rapidamente o primeiro copo. Depois o segundo. A pressão subiu.</p><p>Antonio me disse que meus olhos ficaram fixos no horizonte e as pupilas dilatadas. Eu imagino que tenha sido assim mesmo porque só me lembro de tentar discernir entre as coisas e não conseguir mais. Muito esforço e nenhum retorno. Meus ouvidos ainda estavam entupidos, mas parecia que, depois da água e da sombra, tudo estava voltando ao normal.</p><p>Antonio foi buscar o carro e fiquei conversando com Sara. Com dificuldade comecei a juntar palavras em frases. Depois, consegui interagir, respirar e continuar. Antonio entrou com o carro, me levantei, me despedi de Sara e voltamos rindo de nervoso. Afinal, que sufoco é desmaiar!</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-2413586375787497352021-01-03T14:50:00.006-03:002021-01-13T14:56:59.280-03:00Pas de sens<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiSb1rtXM6tTngMhxMTx7H-ACPpR6b47WsS7DnElj2O_yyjGg3Lcnnbe4qsnfxvUr-2omPLm0FU3oFF50D1qHQmAkzgTvPJOlFZMRXlSbHFL3-D3usDW38hYJp33c4Fm5lYHgGnZ2acAo/s800/tumblr_nq7ce6KbdT1qz7t0xo1_1280.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="736" data-original-width="800" height="368" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiSb1rtXM6tTngMhxMTx7H-ACPpR6b47WsS7DnElj2O_yyjGg3Lcnnbe4qsnfxvUr-2omPLm0FU3oFF50D1qHQmAkzgTvPJOlFZMRXlSbHFL3-D3usDW38hYJp33c4Fm5lYHgGnZ2acAo/w400-h368/tumblr_nq7ce6KbdT1qz7t0xo1_1280.jpg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Tirei alguns dias de férias (duas semanas, mais ou menos) e fico me perguntando o que fazer esse ano que entra. Estranho pensar que quase tenho 30 anos, uma carreira acadêmica em formação – bem no estilo “deixa a vida me levar” – e uma profissão temporária freelance online, o que me toma mais tempo e menos dinheiro do que eu gostaria. </div><div style="text-align: justify;">É estranho pensar que sou adulta. Que sou casada no papel, que saí da casa dos meus pais aos 22 anos e que aprendi muito nos últimos anos. Dá um pouco de medo, na verdade. Medo porque a vida adulta parece ter vindo de mansinho. O que foi bom, porque tive muito suporte e apoio da minha família até aqui, mas também é muito assustador saber que você tem que andar com os próprios pés. Que o dinheiro e o trabalho são importantes, que há mais esforço do que descanso e mais estresse do que tranquilidade. 2020 foi um ano bizarro – a única palavra possível. Cheio de surtos de ansiedade coletiva (e global), uma pandemia que nos deixou mais conectados principalmente aos afazeres e às formas de subsistência e menos ao lazer, aos outros seres humanos e aos momentos prazerosos. Mesmo no Sana, na natureza e no dia a dia menos corrido me senti pressionada, amassada e encaixotada em formatos esdrúxulos. </div><div style="text-align: justify;">Tenho medo do futuro, sempre tive. A cada ano que passa sinto mais o peso de ser adulta, de ter que administrar minha vida em todos os aspectos. Entendo a importância de um companheiro nessa empreitada e muito mais de toda a base que solidificou minha existência e que foi fornecida carinhosamente pela minha família. É bizarro existir nesse momento, é preciso muita lucidez para não pirar e não se sentir engessado no meio de tanta maluquice. </div><div style="text-align: justify;">A impressão que tenho é que esse sentimento não passará. Que conviverei com ele durante muito tempo, talvez para o resto da existência. A salvação é que há momentos de respiro, talvez seja feito disso a vida em sua essência: bons momentos, pessoas que ajudam muito e atrapalham pouco, filosofias, trabalho e ócio criativo. </div><div style="text-align: justify;">De qualquer forma, quando penso nas responsabilidades, nos trabalhos da faculdade para entregar, na mudança de país que farei, nos alunos que contam comigo para aprender a falar outro idioma, nas contas que preciso pagar, nos pratos que preciso lavar e no chão que preciso varrer às vezes me dá uma sensação louca de que não darei conta de realizar tudo. Espero que quando meus filhos vejam isso talvez eu seja uma pessoa mais sã, organizada e que tenha conseguido ver sentido nisso tudo. Mas a impressão que tenho é de que nunca conseguirei ver sentido algum.<p></p></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2960056081728035633.post-15088465653516532032020-02-15T13:43:00.002-03:002020-02-15T13:43:53.803-03:00J'espère que tu ne pars pas<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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I'll wait for you, I'll pray<br />
I will keep waiting for your loveUnknownnoreply@blogger.com0