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Affichage des articles du septembre, 2011

Sobre falta de dedos

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Faz algum tempo que, depois de um puta show que fui e dei carona a dois amigos no carro do meu pai, terminou em dor de cabeça. Ao seguirmos alguns metros para deixar a primeira pessoa, esta me abre a porta do carro (a menos de um metro da calçada) sem olhar, quando uma moto passa por esse mesmo espaço mínimo. O que se procedeu foi o dedo da menina, que estava no carona da moto, esmagado. Eu e meu pai a levamos a um hospital perto, no meio de gemidos dignos de uma cadela no cio e uma velocidade suficiente para posteriores multas de trânsito. A ficha foi preenchida, a mulher atendida e o motoqueiro e o namorado da “desdedada” chegaram. Fomos embora deixando telefones para algum problema que poderia aparecer depois. Eis que resolve nos ligar, uma semana depois, a menina sem dedo falando que já havia gastado duzentos reais em medicamentos até o dado momento e exigindo o depósito de alguma quantia para ajudá-la a pagar os remédios. Meu pai sempre teve um coração de ouro e não poupou esfor

Dançando na Primavera

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Ana Primavera havia feito dezesseis anos naquele ano e, de uma hora para outra, respirava um ar mais leve. Vestia todo verão aquele mesmo vestido amarelo acima dos joelhos e suas sandálias rasteiras mostrando as unhas dos pés pintadas de azul. Tinha olheiras porque acordava cedo para ir à praia e dormia tarde para fazer amor. Amor este que tinha o nome de Samuel da Dança, que no verão continuava usando as calças jeans por ter vergonha da magreza das pernas. E nos pés uns chinelos de cor escura porque de colorida já bastava Ana Primavera. Samuel da Dança queria pedir seu amor em casamento dali a dois anos. Tinha um coração mole e escrevia poemas desesperados e canções alucinadas à Ana Primavera. Curiosamente esta só mostrava-lhe os dentes perfeitos que se escondiam por toda a carne de sua boca, quando virava os olhinhos e voltava a conversar sobre qualquer coisa. O rapaz esperava um amor tão grande quanto o seu em troca, mas ela só lhe dava beijinhos pescoço acima e instantaneamente t

Mais amor, por favor

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Não é dificil me pegar aos soluços principalmente em madrugadas de greves escolares. Culpa mais que parcial de todos os documentários, fotos e ilustrações que me aparecem nesse horário morto. Gente morrendo, gente gritando, gente desacreditada, gente com fome, gente sem casa. Muita gente. São, portanto, as causas dos meus soluços tanta gente e tão poucos olhos para enxergá-las. "Mais amor, por favor", quando você só quer pensar nos seus problemas pessoais e o amor, "por favor", fica só para aquelas pessoas que são inevitáveis não amar. Pode ainda dar pra vocês, pode ser fácil para o resto do mundo mas pra mim já não é mais. Eu não quero achar a fome natural! Eu  não quero achar a pobreza natural! Eu não quero achar corriqueiro crianças usando drogas e abortando filhos no meio da rua. Eu me recuso. Eu quero paz! Eu quero paz pra essa gente, eu quero paz pro meu coração! Eu quero amor! Amor, por favor!! Eu quero energia positiva o tempo todo e poder ter consciência