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Affichage des articles du août, 2010

Petit liberté

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As pessoas sempre me dizem o quanto são preocupadas comigo, as mais próximas de vez em quando me chamam de perdida e as menos íntimas tentam me convencer de que eu faço coisas erradas comigo mesma, e que lamentam por isso. Antigamente eu era bastante preocupada com isso: doenças, balas perdidas, morte etc. Normal, ninguém quer ficar doente, levar um tiro ou morrer, né? Mas eu cheguei a conclusão de que não dá para levar a vida com medo dessas coisas. Não dá pra deixar de beijar alguém por achar que vai pegar uma herpes, ou de beber a sua cerveja gelada por medo da cirrose, ou de pegar a linha vermelha com medo de levar uma bala perdida e, enfim, acho que vocês pegaram o espírito. Cheguei a conclusão que não me importo com o quanto vou viver, a bala perdida pode vir amanhã, indo pra casa da minha avó ou voltando de ônibus pra casa. O importante de verdade é fazer as coisas que te dão prazer. Quando eu era um pouco mais nova, estabeleci que minha meta de vida era morrer feliz, e eu a

Paquet

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Embrulho. Como quando você não respira direito e deseja que traguem do seu ar tal qual degustam um cigarro barato. Sente oxigênio correr pelo corpo, lança olhares famintos de dor. Dor, porque falar de dor é falar de paz. E é paz que me deixa assim, embrulhada. E pele, e sede, e preguiça. E quando Joana Francesa geme de prazer e de pavor, e quando Chico Buarque te traz essa paz avassaladora e sem medo que resulta no embrulho. Talvez as pessoas gostem mais do frio porque há mais esperança de calor. E calor longo, intenso, bruto. Não calor que vem fácil, porque tudo que vem fácil teimamos em não dar valor. E o embrulho, que continua dentro de mim.