Articles

Affichage des articles du juillet, 2009

Talvez

Image
eu esteja virando meio feminista. Ou não.

"Repetiu alto:

- Não, não, não é a minha vontade! Persuadira-se de que essa era uma frase mágica que transformaria a situação imediatamente, mas nesse quarto as palavras perderam o poder mágico. Creio até que encorajaram o homem a mostrar-se ainda mais decidido: apertou-a contra o corpo e colocou a mão em seu seio. Coisa estranha: esse contato libertou-a logo da angústia. Como se, com esse contato, o engenheiro tivesse descoberto seu corpo e ela tivesse compreendido que o que estava em jogo não era ela (não era sua alma) mas apenas seu corpo. Esse corpo que a traía e que ela havia expulsado para longe de si, para o meio de outros corpos." Kundera

Minhas pontas dos dedos

nos seus. Lento. Devagar. Incerto. Bem melhor do que gestos obscenos.

E de tanta saudade

apertando o meu peito dolorido, eu prefiro até me esquecer da sua existência: Eu talvez goste de sofrer.

Pernas,

Image
no feminino.

É desesperador

esse aperto na minha garganta, meus pulmões frágeis, minhas pernas nuas, minha doença mental idolatrada e essa lua cheia brilhando ferozmente para chamar sua atenção.

Repara que

mesmo com frio eu ainda posso te aquecer.

"Sua mãe bateu

a porta de casa cansada. Tinha os olhos baixos, os ombros curvados para frente e transbordava tristeza de sua alma. Johanna poderia muito bem perguntar o que houve e escutar um “nada” em resposta. Mas ela não faria isso, nunca fazia. Sabia exatamente como sua mãe funcionava e o que ela desconhecia tinha medo de testar. Não porque poderia levar uma surra ou algo do gênero – sua mãe raramente lhe batia -, mas tinha medo de não conseguir entendê-la, da mesma forma que achava que a mãe não a entendia. Tinha um amor profundo por ela, mas era impossível demonstrá-lo. Na verdade não sabia porquê – nunca soube -, e tinha que confessar que isso não costumava preocupar sua cabeça. As coisas sempre foram assim, por que deveriam ser mudadas? Queria contar de várias coisas que lhe aconteciam: Do livro que lia na livraria do sr. Tonker, das aulas de inglês que assistia na escola vestida de menino porque meninas não podiam entrar, de como não gostava de ir mais na casa de seu avô porque lá exalava o

Pode começar?

Quer dizer, acho que tem muita gente aqui. Eu sempre fui meio tímida, sabe. Tá frio, você podia desligar o ar condicionado? Quer que eu fale? Mas eu não tenho muito pra falar. Eu, não sei, é esse machucado no meu rosto? Eu juro que não entrei numa briga, eu só caí no chão. Tá feio, minha mãe disse pra eu passar pomada porque tenho um rosto lindo. Sabe como são as mães, né, sempre achando os filhos lindos. Tirando ela algumas pessoas também disseram que eu era bonita. Mas, sabe, eu nunca confio muito. Principalmente agora que tô com isso na cara. Tá feio mesmo. Acho que tô fugindo do foco, o que era pra falar, mesmo? Eu não gosto muito de falar, sabe, eu sempre acabo machucando as pessoas. Às vezes eu nem sei porque falo as coisas, não querendo machucar, entende? Tem conversas que eu tenho com gente que eu amo muito e mesmo assim eu sei que posso omitir um comentário ou observação mas eu tenho sempre que fazê-lo. E eu odeio quando fazem comigo. É meio que segredo, mas eu morro de ciúmes

Tem gente batendo na porta,

sai de cima de mim, esconde essa garrafa, tira a voz do Chico Buarque, joga fora esse maço, lava as mãos, arruma o sofá, abre a janela, não se esquece que a sua camisa tá debaixo da mesa, enxuga o rosto, tira esse gosto da sua boca, e aproveita da minha também, larga a minha mão, não! café é suspeito demais, eu não acho meus brincos em lugar algum, esse cheiro tá insuportável, liga o ventilador, come alguma coisa, já disse pra esconder essa garrafa, tem gente batendo na porta. Acorda. Acorda. Eu preciso da chave, acorda.